“Uma onça parda! Nossa, que massa”, sussurra quando o animal aparece. Na sequência, uma risada e exclamações de felicidade. É assim que os monitores locais da biodiversidade Zeziel Ferreira e Pedro Nascimento reagem ao conseguirem filmar, em um vídeo de 35 segundos, a aparição de uma onça parda na Floresta Nacional (Flona) do Jamari, na Amazônia.
O registro é resultado do esforço dos “cientistas cidadãos” que atuam no Monitoramento Participativo da Biodiversidade (MPB), desenvolvido pelo IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Ambos são implementadores da Parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB).
O MPB, que recebe apoio da USAID/Brasil e de Gordon and Betty Moore Foundation, integra o Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade (Monitora). Tem o objetivo de apoiar a conservação da biodiversidade e promover o envolvimento socioambiental para fortalecer a gestão em Unidades de Conservação (UCs). Em cinco anos, o projeto beneficiou diretamente mais de 3,8 mil pessoas em 18 unidades, ajudando a proteger uma área de 12 milhões de hectares na Amazônia.
A Flona do Jamari, localizada nos municípios de Itapuã do Oeste e Cujubim, no Estado de Rondônia, foi uma das primeiras UCs de uso sustentável criadas no Brasil, com uma área de cerca de 223 mil hectares. Também foi o local com a primeira concessão florestal no país, com a licitação de áreas de manejo florestal.
Por meio do projeto MPB, cerca de 100 moradores de comunidades do entorno e de dentro da Flona do Jamari participaram de cursos desde 2014 para atuar como monitores da biodiversidade. Importante refúgio para várias espécies de animais e plantas, a floresta resiste a pressões, como as de desmatamento. Por isso, o trabalho dos monitores contribui não só na conservação como também na denúncia de tentativas de invasão.
“Ao envolver as comunidades no monitoramento, o MPB amplia e aprimora a visão de proximidade com o meio ambiente, sensibilizando ainda mais para a questão ambiental e a importância das Unidades de Conservação. Além do ganho científico, com a ampliação de conhecimento das espécies e da biodiversidade, a UC passa a contar com mais pessoas se importando, denunciando coisas erradas e facilitando a gestão”, avalia Paulo Henrique Bonavigo, pesquisador do IPÊ que atua na Flona Jamari.
O encontro – Entre as ações desenvolvidas pelos monitores na Flona estão o monitoramento de animais via instalação de armadilhas fotográficas, que captam imagens com movimento, e de atividades de transecção linear, que consistem em caminhar ao longo de uma trilha reta (transecto) registrando cada encontro com as espécies.
Foi em uma dessas atividades de trilha que Zeziel e Pedro ficaram a menos de 4 metros de uma onça parda, espécie que está entre os maiores felinos brasileiros. Ela é capaz de pular de uma distância de até seis metros e consegue saltar de alturas de mais de 15 metros. É um animal noturno e difícil de ser avistado tão próximo.
Conheça mais sobre o trabalho do MPB na Flona do Jamari aqui: https://pcabhub.org/pt-br/noticias/noticias-destaques-pcab/video-monitoramento-de-biodiversidade-na-flona-jamari e sobre o projeto aqui: https://www.ipe.org.br/projetos-tematicos/areas-protegidas/monitoramento-participativo-da-biodiversidade
Fonte: https://pcabhub.org/pt-br/noticias/noticias-destaques-pcab/monitoramento-a-emocao-de-ver-de-perto-a-beleza-da-biodiversidade-amazonica