Cadeias de Valor Sustentáveis

Encontro promove troca de conhecimentos sobre iniciativas de identificação de madeira

Promovido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), encontro realizado em maio, avança sobre as ações necessárias para fortalecer iniciativas de identificação de madeira

Por: Karoline Diniz

Representantes do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) participaram, entre os dias 16 e 17 de maio,  do Encontro Técnico sobre Iniciativas de Identificação de Madeira, em Brasília. A atividade ocorreu no âmbito do projeto ECOS – Cooperação Regional para Enfrentar Crimes Ambientais, implementado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). A reunião foi um passo importante para avançar sobre as ações necessárias para promover o fortalecimento de iniciativas de identificação de madeira. 

Pedro Constantino, coordenador de projetos do USFS, apresentou um panorama da atuação da instituição entre 2016 a 2023, em diversas frentes, como cadeias de valor e bioeconomia, manejo integrado do fogo, gestão de áreas protegidas, modos de vida sustentáveis e recuperação de áreas degradadas. As atividades acontecem no âmbito do Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Fogo no Brasil, apoiado pela USAID.

Pedro enfatizou a importância do trabalho estratégico no fortalecimento das cadeias produtivas e citou como exemplo a cadeia produtiva do pirarucu que apresenta resultados transformadores, mas precisa de atenção quanto aos crescentes crimes ambientais nas áreas de manejo, como a pesca ilegal. “O cenário de cadeias de valor que a gente trabalha está pedindo para olharmos com mais cuidado para os crimes e conflitos que estão acontecendo nessas áreas”, alertou. Ele citou casos recentes de ameaças às lideranças comunitárias.

Entre os impactos da atuação das diversas parcerias do USFS desde 2016, incluindo o governo brasileiro, Constantino destacou alguns números importantes alcançados até agora: 3 milhões de hectares com manejo aprimorado em 84 áreas protegidas, 45 instrumentos de gestão de áreas protegidas aprimoradas, mais de 35 mil pessoas beneficiadas; mais de 3 mil pessoas treinadas; mais de 70 organizações fortalecidas e cerca de 25 políticas públicas influenciadas pelas ações do programa.

Domingos Macedo, especialista do USFS, falou sobre a missão da instituição em colaborar com as parcerias internacionais para aprimorar as tecnologias de identificação forense madeireira.   Ele descreveu o problema da ilegalidade da cadeia produtiva de madeira nativa no Brasil, um dos maiores exportadores de madeira tropical no mundo.

Pedro Constantino e Domingos Macedo

Domingos citou alguns trabalhos do USFS que merecem destaque, como o Programa de Combate à Extração Ilegal de Madeira e Comércio Associado na América Latina e Caribe, que apoia o avanço das tecnologias para a análise forense da madeira. O objetivo é promover a compreensão dos requisitos de legalidade florestal e reduzir o fluxo de madeira ilegal e, assim, nivelar a competividade na indústria florestal.

Ele citou ainda o Centro de Análise e Identificação de Madeiras – WISC, que é referência mundial na identificação rápida e econômica de espécies comerciais e produtos madeireiros, onde são desenvolvidas pesquisas e novas metodologias para identificação de madeira. Atualmente o WISC possui um extenso banco de dados de espécies de madeira.

Domingos alertou sobre dados preocupantes observados na última safra da extração da madeira. “As análises feitas pela rede Simex – Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira  detectaram que 40% de tudo que foi produzido na Amazônia, na safra anterior, é fruto de extração ilegal de madeira”. A rede Simex é apoiada pelo USFS e liderada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

O evento, apoiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), contou com a participação de representantes de instituições como: Ibama, Polícia Federal, ICMBio, Laboratório de Produtos Florestais (LPF) do Serviço Florestal Brasileiro, Ministério Público Federal, Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (ABRAMPA), Embrapa, Inmetro, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade de São Paulo (USP) e Serviço Florestal dos Estados Unidos.

Convenção e Resolução da ONU – A organização deste encontro, promovido pelo UNODC, tem relação com o papel da instituição como guardiã da Convenção Internacional contra o Crime Organizado Transnacional (UNTOC) e compromisso com a Resolução Assembleia Geral 76/185/2021 ligado ao fornecimento de assistência técnica e capacitação aos Estados-membros para prevenir e combater, de forma eficaz, os crimes que afetam o meio ambiente.

Projeto ECOS – O Encontro Técnico sobre Iniciativas de Identificação de Madeira foi realizado como parte do projeto ECOS do UNODC, em parceria com a USAID. A iniciativa pretende aprimorar a cooperação regional e a capacidade de atores do sistema de justiça e da aplicação da lei para detectar, interceptar, investigar e processar crimes transnacionais ambientais na Amazônia.