O manejo sustentável feito por comunidades ribeirinhas é reconhecido pela CITES como uma experiência bem-sucedida de manutenção dos modos de vida tradicionais aliados à conservação
Por: Karoline Diniz
O pirarucu já esteve ameaçado de extinção e, por conta disso, consta na lista de espécies com restrições de comércio internacional da CITES (Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção), da qual o Brasil é signatário. Devido ao manejo comunitário sustentável e à gestão participativa do recurso pesqueiro, o peixe voltou a habitar grande parte das várzeas amazônicas e não é mais uma espécie ameaçada.
A CITES reconheceu o trabalho realizado com o manejo do pirarucu selvagem como uma experiência bem-sucedida, que alia manejo sustentável, comércio legal e gestão responsável para apoiar os meios de subsistência das comunidades locais e, ao mesmo tempo, conservar as espécies na natureza.
Junto com a preservação do pirarucu e a conservação da biodiversidade, o manejo traz diversos outros benefícios. Um deles é o aumento da renda e o fortalecimento da organização social das comunidades, o que promove a redução das desigualdades sociais e aumento da segurança alimentar. Além da proteção territorial, em função da vigilância dos lagos, representa uma significativa melhoria na qualidade de vida de povos indígenas e populações tradicionais com aumento da participação feminina na atividade pesqueira.
O manejo comunitário e sustentável do pirarucu é fruto de um esforço coletivo que envolve diversas parcerias e tem apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental (ICMBio), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Nos últimos 20 anos, algumas populações de pirarucu cresceram mais de 600%. As práticas de manejo implementadas também ajudaram a aumentar os estoques de espécies como o tambaqui, o jacaré-açu, a tartaruga, o tracajá, o peixe-boi, entre outras. O resultado é uma melhora no estado de conservação dos ecossistemas nessas áreas.
Saiba mais sobre a CITES
A convenção é formada por 184 países membros e atua diretamente na preservação das espécies, regulamentação e controle do comércio internacional da fauna e da flora. Seu objetivo é garantir que o comércio internacional de animais e plantas selvagens não ameace a sobrevivência das espécies.